sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sobre o conflito no Congo...

Situação no Congo é 'catastrófica', diz Cruz Vermelha

Os conflitos entre forças rebeldes e o exército na República Democrática do Congo causaram uma “catástrofe humanitária” no país, afirmou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Esforços diplomáticos estão sendo feitos para tentar solucionar a crise, que pode se espalhar pelo país vizinho, Ruanda.

Um cessar-fogo foi declarado pelos rebeldes na última quarta-feira na cidade de Goma, no leste do país, de onde dezenas de milhares de congoleses foram obrigados a se deslocar com o avanço das tropas rebeldes.

Apesar do cessar-fogo, o general rebelde Laurent Nkunda ameaçou tomar a cidade, a menos que as tropas da ONU garantam a trégua.

Assassinatos e estupros foram reportados na cidade e a ajuda humanitária não está chegando aos desabrigados.

Agências de ajuda humanitária como a Oxfam decidiram retirar seus funcionários estrangeiros de Goma.

Michael Khambatta, do Comitê Intenacional da Cruz Vermelha, disse à BBC que a prioridade agora é fornecer comida, remédios, abrigo e alguma forma de segurança aos civis que foram forçados a deixar suas casas.

Cessar-fogo

Na última quarta-feira, depois de dias de combates com as tropas governamentais, o general Nkunda declarou um cessar-fogo e suas tropas ficaram posicionadas a cerca de 15 quilômetros de Goma, capital da província de Kivu do Norte.

Ele prometeu abrir um “corredor humanitário” para que a ajuda possa chegar aos refugiados, que estão entre seus soldados e membros das forças de paz da ONU, que estão dando cobertura às tropas governamentais.

A ONU está considerando reposicionar parte de seus 17 mil soldados no país para dar reforço aos 5 mil homens que estão na cidade.

O general rebelde Nkunda disse à BBC que suas forças pretendem proteger a minoria tutsi do país de ataques de rebeldes hutus de Ruanda, acusados de participarem do genocídio de tutsis no país em 1994.

As tropas de de Nkunda são acusadas de receber apoio do governo de Ruanda, atualmente governada pelos tutsis, o que o país nega.

Analistas afirmam que além das diferenças étnicas, o conflito também se deve à disputa pelas riquezas minerais da região.

Esforços diplomáticos

Nesta quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou estar mandando delegados para a República Democrática do Congo e para Ruanda para tentar dar uma solução diplomática para os conflitos que se intensificaram nas últimas semanas.

Os dois países se acusam mutuamente de estarem promovendo incursões além de suas fronteiras.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou que a violência está criando uma crise de “dimensões catastróficas” no país.

Um dos porta-vozes de Ban disse que delegados estão sendo enviados para Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e Kigali, em Ruanda.

O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, também declarou que a União Européia estuda o envio de soldados e ajuda humanitária ao país.

Ele afirmou que o eventual envio de uma força européia pode contar com 1.500 homens, mas eles não participariam dos combates.

Kouchner ainda afirmou que o Comitê de Segurança da União Européia vai se encontrar em Bruxelas para discutir a idéia.

Mas, o que quer que aconteça, o final dos conflitos pode não vir tão rápido quanto necessário, diz o correspondente da BBC Peter Greste, na fronteira da República Democrática do Congo com Ruanda.

Nos dois últimos meses, mais de 200 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no leste do Congo.

Enquanto muitas procuraram abrigo em Goma, outras se refugiaram nas florestas, onde não podem ser alcançadas pelas milícias. Mas lá, também não podem ser auxiliadas pelas agências humanitárias.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081031_congo_conflito_cq.shtml
Entenda os confrontos entre governo e rebeldes no Congo

Os confrontos entre tropas da República Democrática do Congo e rebeldes liderados pelo general Laurent Nkunda aumentam o risco de uma crise humana na região.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 45 mil pessoas já deixaram campos de internamente deslocados no leste do Congo, fugindo dos rebeldes que estão avançando pela região - que já tem cerca de 1 milhão de deslocados.

As forças rebeldes ameaçam tomar Goma, capital da província de Kivu do Norte e uma das maiores cidades do leste do país.

Os confrontos ganharam força a partir de agosto, quando um acordo de paz assinado entre governo e rebeldes em janeiro foi suspenso.

A BBC responde a algumas perguntas sobre o que motivou os conflitos e quais as possíveis conseqüências.

Por que estão ocorrendo novos confrontos?

Não está claro ainda. O general Nkunda diz que luta para proteger sua etnia, a tutsi, de ataques por parte de rebeldes ruandeses da etnia hutu. Entre esses rebeldes, segundo Nkunda, estariam alguns acusados de participar do genocídio ocorrido em Ruanda em 1994.

No genocído de Ruanda, milícias extremistas hutu e integrantes do Exército ruandês foram acusados de cometer um massacre sistemático de tutsis. Em cem dias, cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados foram mortos.

O governo do Congo já prometeu repetidas vezes impedir que milícias hutus utilizem seu território, mas até agora não cumpriu a promessa.

O último prazo para cumprir essa medida expirou no final de agosto, exatamente quando os cofrontos foram retomados.

No entanto, alguns analistas afirmam que os confrontos poderiam ter outro motivo. O leste do Congo é rico em recursos naturais, como ouro, e a luta poderia ser pelo controle dessas riquezas.

O general Nkunda tem apoio de alguém?

O governo do Congo acusa Ruanda de apoiar o general Nkunda com tropas e artilharia pesada.

Ruanda nega essas acusações, apesar de ter invadido o Congo duas vezes nos últimos anos.

O presidente de Ruanda, Paul Kagame, é um ex-rebelde tutsi que participou do fim do genocídio.

O Exército congolês é acusado de colaborar com rebeldes hutus tanto nos confrontos armados como na exploração das minas da região.

Isso leva alguns analistas a afirmar que seria plausível que Ruanda estivesse usando as forças do general Nkunda para pressionar o Congo a cumprir sua promessa de desarmar as milícias hutus.

O que a ONU tem feito em relação ao conflito?

Essa é a pergunta feita por muitos congoleses. A ONU tem uma força de paz de 17 mil soldados no Congo - a maior missão da organização no mundo.

Alguns congoleses acusam a ONU de não fazer nada, e já houve ataques aos escritórios da organização em Goma.

A missão da ONU, porém, enviou helicópteros para ajudar a frear o avanço das forças rebeldes em Goma e pediu reforços para ajudar a pôr fim aos confrontos.

Qual a situação dos civis?

Agentes humanitários estão extremamente preocupados com as dezenas de milhares de pessoas que vivem na área dos conflitos.

Todos os lados são acusados de cometer atrocidades contra civis, principalmente estupros em massa.

Segundo a ONU, até 45 mil pessoas já deixaram campos de internamente deslocados no leste do Congo para fugir dos rebeldes e seguiram para Goma.

Muitas das pessoas que fugiram para Goma são obrigadas a dormir ao ar livre e contam apenas com a ajuda dos habitantes locais e de agências humanitárias para conseguir comida.

A previsão é de que muitos outros sejam afetados pelos confrontos.

A ONU também teme que haja muitas mortes por desnutrição.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081030_congoentenda_ac.shtml

Nenhum comentário: